martes, 12 de mayo de 2015

II-ARQUEOLOGÍA POLÍTICA O MITO FASCISTA DA ROMANIDADE

II-ARQUEOLOGÍA POLÍTICA O MITO FASCISTA DA ROMANIDADE

ANDREA GIARDINA
Este ensaio procura analisar como o mito de Roma foi utilizado por Mussolini para criar uma "especificidade" fascista que coincidisse com uma "especificidade" da nação italiana. Práticas rituais, gestos, valores, símbolos foram retomados, de forma variamente arbitrária, para construir um mito que gerava novas ambigüidades, e que constituiu, à diferença do nazismo, um empecilho para a própria sobrevivência da "romanidade" após Mussolini.
Continuareis a libertar o tronco do grande carvalho de tudo o que ainda o sombreia. Abrireis espaço em volta do mausoléu de Augusto, do teatro de Marcelo, do Capitólio, do Panteão. Tudo o que cresceu em volta nos séculos de decadência deve desaparecer [...] Os monumentos milenares da nossa história devem agigantar-se na solidão necessária.3
Essa operação teve uma grande importância ao delinear uma falsa imagem física e social da Roma antiga, destinada a se perpetuar bem além do fascismo, como reconhecem todos os que viram as cenografias externas dos filmes de tema romano após a Segunda Guerra Mundial: uma cidade fria e arrogante, que exprimia, mesmo em seus monumentos, uma vocação a intimidar. O caso da posteriormente chamada Via do Império é exemplar. Aberta no espaço deixado vazio pela demolição de todo um bairro medieval e moderno, apoiada nas ruínas dos antigos foros imperiais, essa artéria abriu uma perspectiva grandiosa sobre o Coliseu, criando ao mesmo tempo uma relação especular ideal com a Praça Veneza, a platéia para a qual o duce falava, a partir do famoso balcão, e o mais grandioso dos monumentos romanos, enquanto a estátua gigantesca de Vitório Emanuel no Altar da Pátria vivia uma marginalização definitiva. Essa artéria tornou-se, além do mais, o percurso triunfal do regime, ao longo do qual as forças da nova Itália guerreira desfilavam diante da multidão romana e, graças ao uso como propaganda dos cinejornais, diante da inteira nação. Também nesse caso, repetia-se o equívoco que caracterizava a relação entre o fascismo e a romanidade: no pressuposto de que o fascismo tivesse redescoberto o mundo romano, a imaginação coletiva via a Roma antiga pelo filtro do presente, enquanto era verdade o contrário: as imagens atuais inventavam as antigas.

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